28 May 2019
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Descubra a origem e a evolução de um dos pratos mais consumidos do Japão!
A comida japonesa ganhou grande popularidade no Brasil nas últimas décadas, tornando-se a segunda favorita do brasileiro (atrás apenas do churrasco, claro!) de acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma de compra coletiva Groupon em 2015. Mas as iguarias que conquistaram o nosso paladar, como sushis, sashimis e temakis, não são frequentes na mesa do japonês.
Seu preparo delicado e complicado faz com que sejam comidas de celebração, consumidas apenas em ocasiões especiais (estima-se que a maioria dos japoneses consuma sushi de 2 a 5 vezes no ano). No dia a dia, o que encontramos são preparações mais simples, como o gyudon. Confira no que consiste este prato, sua origem e sua história!
A palavra gyudon significa “tigela de carne bovina” e é uma junção de gyu (“gado bovino”) e don (abreviação de donburi, um tipo de tigela japonesa). O prato consiste em uma tigela de arroz coberto com finas fatias de carne bovina e cebola, cozidas em um molho levemente adocicado feito com dashi (caldo composto de algas e peixe), shoyu e sake ou mirin (vinagre adocicado de arroz).
Com o tempo, outros ingredientes foram sendo adicionados de modo opcional, como shirataki (um tipo de macarrão feito com batata), tofu, ovo e vegetais diversos, como forma de complementar o prato do ponto de vista nutricional. O gyudon também já ganhou versões de porco, chamadas butadon ou tondon, e peixe, embora o tradicional continue sendo a forma mais comum de consumo.
Por se tratar de um arquipélago com pouco território e muito litoral, o consumo de peixes sempre foi prevalente no Japão. Contudo, em 1868 ocorreu no país uma guerra civil conhecida como Restauração Meiji, que deu origem a um período de ocidentalização que transformou o Japão na primeira nação asiática com um sistema moderno de nação-estado.
Foi durante esse período que surgiu o gyudon, já que o consumo de carne bovina era raro até então – um dos diversos costumes ocidentais incorporados à cultura japonesa na época.
O sucesso do gyudon começou no período Taisho, nas primeiras décadas do século XX, quando o consumo de carne barata e os yatais, carrinhos de rua que vendem comida, se popularizaram em lugares como Asakusa e Tóquio. A partir daí, o prato passou também a ser preparado pelas famílias e a ser vendido em restaurantes.
Além dos restaurantes e dos yatais, o gyudon é vendido como fast food em redes especializadas no prato. As maiores redes do tipo no Japão são a Yoshinoya e a Sukiya, além da rede Matsuya, que oferece o prato sob o nome gyumeshi.
Algumas dessas redes servem como cortesia, junto com o gyudon, o missoshiru (sopa japonesa), apenas para clientes que comerem dentro da loja, sendo a maior delas a Matsuya. Já outras redes, como a Sukiya, oferecem a sopa como parte de um combinado.
Além do gyudon, outros pratos com preparação simplificada compõem a dieta dos japoneses. Entre eles o gohan (arroz japonês sem tempero), o tamagoyaki (omelete levemente adocicada), conservas de gengibre e pepino, o moyashi (broto de feijão), o missoshiru e o ochazuke (prato de inverno composto de arroz, chá verde e alguma “mistura”), além de legumes cozidos no vapor, tofu, cogumelos shiitake e tempura (legumes empanados e fritos em imersão).
O gohan é preparado sem tempero para que cada comensal acrescente aquilo que preferir na hora de servir. Além do shoyu, pode-se acrescentar gengibre, nori (lascas de alga) e furikake (temperos à base de peixe com sabores variados).
Confira mais algumas curiosidades sobre a alimentação do povo japonês!
Sushi
Para nós, sushi é sinônimo de pequenos rolinhos de arroz com peixe, mas nem sempre foi assim. No século XVIII, o arroz não fazia parte do prato e era usado apenas para conservar o peixe, sendo descartado antes da preparação.
Já no início do século XIX, o sushi se tornou uma espécie de fast food. Na época, surgiram centenas de restaurantes que ofertavam o sushi como uma comida rápida e produzida em grande escala, e o shoyu era usado para garantir a preservação do peixe.
A forma correta de consumir o sushi é com as mãos (sendo os hashis reservados para os sashimis) e em uma única mordida. Contudo, há diversas variedades para as quais essas regras não se aplicam, como o temaki, um tipo de sushi em forma de cone, e o chirashi, no qual o arroz e o peixe são servidos em uma tigela.
Salmão
O grande favorito dos restaurantes japoneses no Brasil só foi introduzido na culinária japonesa na década de 1980, quando os noruegueses apresentaram o peixe ao país asiático. Mas essa introdução não tirou o trono do rei dos mares: o atum ainda é o peixe mais apreciado no Japão, sendo reconhecido por sua cor vinho e seu sabor intenso.
Gyudon em crise
Entre 2004 e 2006, em virtude de um surto da doença da vaca louca, o governo japonês impôs um embargo à carne bovina produzida nos Estados Unidos, que era o seu maior fornecedor, obrigando as redes especializadas em gyudon a buscar alternativas. Foi nessa ocasião que as versões de porco e peixe foram adicionadas aos menus, sendo que apenas a rede Sukiya continuou servindo a versão tradicional, usando carne provinda da Austrália.