28 May 2019
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Conheça a fascinante trajetória deste grão, da Ásia à mesa do brasileiro!
Há mais de três milênios o arroz garante a sobrevivência da humanidade, sendo a base da alimentação de mais da metade da população mundial e consumido de várias formas, em todos os momentos do dia. Depois do trigo, é o alimento mais consumido em todo o mundo, sendo o terceiro mais cultivado (atrás do milho e do trigo, respectivamente). Mas como este pequeno grão se tornou tão popular? Confira aqui com a gente!
Acredita-se o cultivo do arroz tenha começado na China, por volta de 2.800 a.C. Seu sabor neutro, que combina com quase todos os ingredientes, como leguminosas, verduras, legumes, carnes e aves, é um dos motivos da imensa popularidade que o arroz veio a conquistar.
Como berço desse cultivo, a Ásia possui uma enorme variedade de grãos. Índia, Tailândia e Vietnã, por exemplo, têm como base de sua dieta variedades de arroz mais aromáticas, que combinam bem com as especiarias usadas nessas culinárias. Sua presença no cotidiano da Tailândia é tão forte que a palavra tailandesa para refeição significa literalmente “comer arroz”. Já no Vietnã é comum perguntar a alguém com filho pequeno “Quantas tigelas de arroz ele comeu hoje?”, como indicativo da saúde da criança.
Apesar de não ter sido o primeiro povo a consumir arroz, sem dúvida o Japão é um dos locais onde ele se tornou mais importante. Há divindades dedicadas ao grão e ele já foi usado como “moeda” de pagamento no passado, inclusive de tributos, gerando rebeliões conhecidas como “tumultos do arroz” ao longo da história japonesa.
Além disso, o Japão desenvolveu uma enorme variedade de produtos à base de arroz: sake (aguardente de arroz que é a bebida nacional japonesa), mirin (vinagre de arroz levemente adocicado) e macarrões como harusami e bifum são alguns exemplos da versatilidade do arroz para o povo japonês. Tenta-se ainda aproveitar ao máximo todas as partes da planta – as fibras, as palhas, as folhas e o talo são usados para confecção de chapéus, capas, tapetes, vassouras etc., enquanto o bagaço e a casca podem ser usados como adubo, ração animal ou para alimentar o fogo.
As variedades sasanishiki, shari e nihon mai são as mais utilizadas no Japão, com seus grãos arredondados que formam bolinhos na textura certa, além de absorverem melhor o tempero.
Foram os povos árabes que primeiro aprenderam com os asiáticos a consumir o grão, incorporando-o em suas dietas: pratos típicos como charutos de folha de uva e repolho e a mjadra (arroz com lentilhas e cebola caramelizada) têm o arroz como base, além de ser um acompanhamento comum para diversos tipos de curry. Com a ajuda desses povos, o arroz chegou ao Mediterrâneo, tornando-se rapidamente popular em países como Itália, com seus risottos, e Espanha, com suas paellas.
A expansão dos impérios europeus por meio das Grandes Navegações trouxe o arroz para as Américas, onde obteve mais uma vez enorme sucesso, principalmente na América Latina. Além do Brasil, muitos povos latino-americanos adotaram o arroz na sua alimentação básica, por exemplo, os peruanos e os mexicanos. Antes da colonização, a única variedade que existia desse lado do oceano era o arroz selvagem, originário da América do Norte (Estados Unidos e Canadá).
Depois de viajar o mundo inteiro, o arroz recebeu uma das mais calorosas acolhidas aqui mesmo no Brasil, onde ganhou receitas que o uniam a temperos e ingredientes locais, africanos e europeus: arroz carreteiro, arroz de Braga, baião de dois, arroz de forno e galinhada são apenas algumas das deliciosas preparações criadas aqui, além do tradicional “arroz branco” que é indispensável como acompanhamento de feijoadas, moquecas, bobós e outros pratos da nossa cultura.
Mas nosso maior mérito em relação ao arroz foi uni-lo ao feijão, possivelmente a melhor combinação do ponto de vista nutricional: os aminoácidos presentes em cada um se complementam, formando uma cadeia de proteína equivalente à encontrada na carne. Por isso, acompanhado de feijão, “mistura” e salada, o arroz se tornou a base da alimentação no Brasil, tanto que a expressão “feijão com arroz” se tornou sinônimo de algo básico, comum.
Se a versatilidade e o sabor neutro do arroz são os motivos da sua fácil adaptação a tantas culturas gastronômicas diferentes, seus nutrientes são a razão da sua permanência como base da dieta por tanto tempo: ele contém carboidratos, proteínas e minerais como magnésio, manganês, zinco e fósforo, além de vitaminas do complexo B – tudo isso com apenas 150 calorias por porção (1 porção = 4 colheres de sopa).
Os carboidratos são essenciais na alimentação e fornecem a energia para as atividades do dia a dia. As proteínas atuam na formação dos músculos, do cabelo e das unhas, além de auxiliar o sistema de defesa do organismo. Já as vitaminas do complexo B são essenciais para o metabolismo e para a manutenção das células nervosas, mantendo a saúde emocional e mental.
O arroz ainda contém fibras, que são importantes para o funcionamento do intestino, auxiliam na digestão e colaboram na prevenção de doenças cardiovasculares; e antioxidantes, que contribuem para a renovação celular. Além disso, é naturalmente livre de glúten, sendo um grande aliado dos celíacos nas suas formas in natura, farinha ou macarrão.