28 Aug 2017
Comentarios: 0
Será que a culinária japonesa brasileira é legítima? É bem provável que este termo não exista de fato. Antes de entender a grande questão deste post, é preciso entender o início de tudo, de quando os japoneses pisaram em solo tupiniquim pela primeira vez.
As ondas de imigrações dos povos nipônicos para o Brasil começaram em 1908, com o incentivo que a população recebia dos dois governos. A intenção, de princípio, era trabalhar e crescer no Brasil e voltar ao Japão com a vida profissional conquistada.
Mas o estouro da Primeira Guerra Mundial favoreceu ainda mais a imigração após a década de 20 e ainda fez com que a vontade de voltar fosse sumindo ano após ano.
Por aqui, os japoneses formaram colônias para manterem vivos os costumes, idioma e cultura de sua terra natal. A culinária, como uma das representantes primordiais que caracterizam qualquer povo, logo entrou em evidência.
O engraçado é que o japonês e o brasileiro não simpatizaram com a culinária um do outro logo de cara. No Brasil consumia-se muita carne vermelha (suína e bovina). Este tipo de alimento não parecia nada agradável ao paladar dos japoneses que, com o hábito de comer peixe cru, também não atraíram muitos fãs para sua culinária. Eram os opostos.
Através das décadas, a culinária japonesa foi ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Isso também se deu ao fato de que muitos ingredientes receberam elementos que são característicos do paladar brasileiro. Quer alguns exemplos?
Abacate, goiaba, morango, pepino, cream cheese, molhos agridoces e molhos que a Sakura começou a produzir utilizando milho, por exemplo, simbolizaram a alicerce que a culinária japonesa estava prestes a conquistar. Já que somos um país com tantas culturas incorporadas, por que não unir de maneira que fique com ‘a nossa cara?’
A partir daí, a culinária japonesa começou a se popularizar no Brasil, principalmente em São Paulo. Na década de 1990 pegou fama de saudável e conquistou seu sucesso absoluto. Os restaurantes também foram grandes responsáveis, passando a oferecer sistemas de rodízio, que são mais baratos e populares.
Mas não, isso não é comum no Japão.
É o ‘jeitinho brasileiro’ tomando toda sua forma e sabor. Os restaurantes, então, ficaram divididos em três categorias principais para atender diferentes públicos:
Tradicionais: procuram manter todas as características dos restaurantes japoneses, inclusive seguir a risca todo os ingredientes usados no Japão, fazendo o mínimo de adaptações de ingredientes da culinária brasileira (Na Liberdade existem muitos).
Contemporâneos: usam técnicas sofisticadas de preparo e ingredientes de ponta para os pratos, como sushi no maçarico, sashimi com crosta de gergelim, utilização de azeite, e etc. É o tipo de restaurante japonês mais usual do Brasil.
Rodízios: com certeza os mais frequentados pelo grande público, responsáveis pela popularização da culinária japonesa no Brasil. Estes usam ingredientes não tradicionais, como o cream cheese, couve, manga, geleias de todos os tipos, que facilitam a adaptação à culinária local.
Cada país adaptou a culinária japonesa ao seu modo sem destruir a essência primordial dos sabores e texturas. Este intercâmbio é a maneira mais saudável de adquirir conhecimento a respeito de determinada cultura, que sempre se modifica em contato com outra.
A cozinha japonesa e brasileira tem tudo a ver, no fim das contas. Ambas se misturam de uma maneira incrível, intercalando a suavidade dos sabores e aromas formando algo único, que só existe no Brasil.
Podemos dizer que sim, a comida japonesa do Brasil e a do Japão são as mesmas, apenas com um leve toque de adaptação. A gastronomia não teria graça se preservasse 100% da pureza original. Se pensar bem, a nossa culinária é completamente adaptada, nem mesmo a feijoada foge dessa.
Esperamos que tenha gostado.
Até a próxima!
次回まで